quarta-feira, 25 de maio de 2011

CIVILIZAÇÃO CÍCLADA

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Figura de mulher grávida
civilização cícladica (Κυκλαδικής) é uma cultura arqueológica da Idade do Cobre e do Bronze nas ilhas Cícladas (Κυκλάδες), no mar Egeu (Αιγαίου), abarcando aproximadamente o período de 3000 a. C. ao 2000 a. C. Em metade do Egeu (Αιγαίου), entre as Espóradas (Σποράδεςe Creta (Κρήτη), entre a península helênica e a Anatólia (Ανατόλια), se encontra o arquipélago das Cícladas (Κυκλάδες). Estas ilhas devem o nome a sua disposição aproximadamente circular (Κύκλος, "círculo") em torno de Delos (Δήλος), a ilha sagrada que viu nascer a Apolo (Απόλλων). São Miconos (Μύκονος), Paros (Πάρος), Milos (Μήλος), Sifnos (Σίφνος), Amorgos (Αμοργός), Tinos (Τήνος), Serifos (Σέριφος) e Santorini (Σαντορίνη). Nestas ilhotas do Egeu (Αιγαίου) floresceu uma civilização anterior em quase 2.000 anos a grega, que deixou atrás de si centenas de figuras de mármore, a maioria são figuras femininas.

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Mapa das ilhas Cíclades

HISTÓRIA

Archivo:Head figurine Spedos Louvre Ma2709.jpg
Figura Cíclada da cultura Keros
A significativa cultura cicládica da época Neolítica final e Idade do Cobre é melhor conhecida pelos ídolos femininos lisos talhados, fora das ilhas, em mármore branco puro, séculos antes da grande "cultura minóica" da Idade do Bronze Médio surgida em Creta (Κρήτη), ao sul. Ditas figuras tem sido saqueadas dos depósitos para satisfazer ao crescente mercado de antigüidades cicládicas desde inícios do século XX.

Uma característica cultural neolítica que amálgama elementos anatólios e do continente grego no Egeu (Αιγαίου) ocidental antes de 4000 a. C., baseada no trigo e cevada silvestre, ovelhas e cabras, porcos, e atuns que foram arpoados desde pequenos barcos. Sítios escavados como Saliagos (Σάλιαγκος) e Cefala (Κεφάλα), que mostram signos de trabalho do cobre. Cada uma das pequenas ilhas Cícladas (Κυκλάδες) mantém não mais que uns poucos milhares de habitantes, ainda que os modelos de barcos do cicládico final mostrem que cinqüenta remeiros podiam ser reunidos de comunidades dispersas.

Sabemos que, por sua posição geográfica que as situa como uma espécie de ponte entre Europa (Ευρώπη) e Ásia (Ασία), pela riqueza do subsolo e pela relativa suavidade de seu clima, as Cícladas (Κυκλάδες) foram berço de uma notável civilização.

Nos consta que no período Calcolítico, aproximadamente entre 3000 a. C. e 2000 a. C., aquela civilização se expressou com notável originalidade. E isso apesar de que a facilidade de comunicação com as zonas ribeirinhas do Mediterrâneo (Μεσόγειος) oferecia aos habitantes destas ilhas a possibilidade de absorver toda classe de influxos culturais estrangeiros.

Sabemos que a civilização cicládica se manteve durante vários séculos depois de 2000 a. C. Si bem, quando a altamente organizada cultura palaciana de Creta (Κρήτη) surge, as ilhas declinam, com exceção de Delos (Δήλος), que conservou sua arcáica reputação como santuário durante o período da civilização clássica grega. E mais tarde cai sob a cada vez mais predominante influência política e artística do continente grego.

A cronologia da civilização cicládica se divide em três principais seqüências: cicládico inicial, médio e final. Ao período inicial (c. 3000 a. C.) se seguiu o arqueológicamente obscuro cicládico médio (c. 2500 a. C.). A finais do cicládico final (c. 2000 a. C.) houve uma convergência essencial entre o cicládico e a civilização minóica.

Mas o cicládico funde suas raízes em tempos ainda mais remotos. Talvez em 7000 a. C. Prova disso é a difusão da obsidiana de Milos (Μήλος). Desta ilha provem numerosos objetos cortantes de obsidiana encontrados em diferentes assentamentos pré-históricos do Mediterrâneo (Μεσόγειος) oriental, especialmente na costa turca e na Tessália (Θεσσαλία).

Bem é certo, que isto somente demonstra uma 
freqüência da zona, que não supõe necessariamente  a existência nela de uma base bem definida de civilização. De fato, os primeiros indícios de comunidades organizadas nas Cícladas (Κυκλάδες) não vãos mais além de 5000 a.C.

E todavia no Neolítico final, ou seja, na segunda metade do quarto milênio a. C., o grau de desenvolvimento destas comunidades cicládicas parece limitado, sobretudo si o comparamos com o dos centros do Oriente mais imediato: Anatólia (
Ανατόλια), Síria (Συρία), Canaã (Χαναάν). Trataria-se, segundo os dados que temos, de pequenas aldeias de pescadores ou de agricultores muito pobres.

Ao começar a Idade do Cobre, tudo começa a cobrar alívio nas Cícladas (Κυκλάδες). O desenvolvimento das atividades marítimas e o cultivo da videira são o resorte que dispara a transformação das estruturas econômicas, sociais e culturais dos ilhéus.

Seus produtos chegam a Grécia e a diversas regiões do Mediterrâneo (
Μεσόγειος) oriental. Falariamos de um verdadeiro fora econômico, que origina diferenças sociais.

E tudo isto em paz, pois os assentamentos, situados
majoritariamente nas costas, não eram fortificados. O serão mais tarde, quando as Cícladas (Κυκλάδες) caiam na órbita de Creta (Κρήτη), mais poderosa e organizada. Estaremos entãos até o final do Bronze Antigo, ou seja, em torno do ano de 2000 a. C.

Há certa tensão entre os sistemas de datação usados para a civilização cicládica, um "cultural" e outro "cronológico." As tentativas de uni-los conduzem a várias combinações; a mais comum é resumida abaixo.
Cronologia cicládica
Fase
Cultura
Cicládico inicial I
Grotta-Pelos
Cicládico inicial II
Keros-Siros
Cicládico inicial III
Kastri
Cicládico médio I (CMI).
Filacopí
Cicládico médio II (CMII).

Cicládico médio III (MCIII).

Cicládico final I

Cicládico final II

Cicládico final II


ARQUEOLOGIA
Archivo:TheraLateCyccladicIbex06655.jpg
Escultura de Íbice de ouro

O historiador grego Tucídides (Θουκυδίδηςhavia escrito no século V a. C.: "Minos (...) dominou as Cícladas e foi o colonizador de grande parte delas, depois de haver expulsado aos carios". Foram estas palavras que chamaram a atenção do arqueólogo Ludwig Ross, que no segundo terço do século XIX, aventurou a hipótese de que nas sepulturas pré-históricas visitadas por ele em Paros (Πάρος), Naxos (Νάξος), Amorgos (Αμοργός) e Tera (Τέρα), onde se haviam achado ídolos e vasos de mármore, estava a confirmação da presença dos carios (Κάρες) no arquipélago: um povo de piratas originário da região costeira da Ásia (Ασία) Menor entre as antigas Lídia (Λυδία), Lícia (Λυκία) e Frígia (Φρυγία).


Pelos mesmos anos do século XIX em que Ludwig Ross, com os textos de Tucídides (Θουκυδίδης) na mão, atribuía aos carios (Κάρες) as tumbas do Cicládico, em Filacope (Φυλακωπή), na ilha de Milos (Μήλος), apareciam novas tumbas intactas preenchidas de cerâmica que logo se dispersaram pelos museus da Europa (Ευρώπη).
Vinte anos depois, em torno de 1850-60, o arqueólogo Papadopoulos explorava a necrópole de Chalandrani (Χαλανδριανής) na ilha de Siros (Σύρος) e lançava a hipótese de que aquelas tumbas eram de época romana e guardavam os restos dos condenados por delitos políticos, a quem Roma expatriava e confinava nas ilhotas daquele arquipélago.

Até 1860 começa a exploração dos assentamentos pré-históricos da ilha de Santorini (Σαντορίνη). Mas ainda não pode falar-se de investigações científicas, suscetíveis de configurar um quadro confiável da civilização que os achados vão delineando.


Nos últimos anos do século a atividade exploratória é muito intensa, rica em observações que ainda tem validade. Em grande parte leva a cabo Christos Tsountas, que investigou lugares de soterramento em várias ilhas em 1898-99, sobretudo em Amorgos (Αμοργός), Despoticós (Δεσποτικός), Paros (Πάρος), Antíparos (Αντίπαρος), Sifnos (Σίφνος) e Siros (Σύρος), e cunhou o termo de "civilização cicládica".


Mas as primeiras escavações verdadeiras são as que em 1896 dirige a Escola Britânica de Atenas (Αθήνας), em Filacope (Φυλακωπή), na ilha de Milos (Μήλος). As escavações incluiram a análise estratigráfico do terreno e proporcionaram resultados confiáveis. Em concreto na ilha de Milos (Μήλος) pôde reconhecer-se a presença de três cidades sobrepostas, precedidas por uma fase ainda mais antiga. E sobretudo se comprovou que estas diversas fases podiam ser relacionadas com os estilos de cerâmica.


A partir de então, o interesse permaneceu a voltas, mas se reanimou em meados do século XX, quando colecionadores começaram a propor oficinas de corte modernista que se pareciam tanto a escultura de Jean Arp ou de Constantin Brancusi. Os sítios arqueológicos foram saqueados e surgiu um ativo comércio de falsificações. O contexto de muitas destas figuras cicládicas foram assim destruído; seu significado nunca poderá ser entendido. Outros intrigantes e misteriosos objetos são as panelas cicládicas. A arqueologia revelou as linhas gerais da cultura agrícola e marítima que haviam imigrado da Ásia (Ασία) Menor c. 5000 a. C. O cicládico inicial evoluiu em três fases, entre c. 3300 a. C. - 2000 a. C., quando foi cada vez mais invadida pela crescente influência da Creta (Κρήτη) minóica.


Panela cicládica

Frigideira Cíclade

Jarros Cíclades

ORIGEM DOS HABITANTES

Archivo:Cycladic idol large sin fondo.png
Até os anos 50 do século XX, a ausência de traços de assentamentos neolíticos nas ilhas dá a supor que estas não eram habitadas naquele período; portanto, seu povoamento era situado em torno de 2600 a. C. Mas, de onde procediam aqueles primeiros habitantes das Cícladas (Κυκλάδες)?

Quase todos os investigadores coincidiam em afirmar que se tratava de grupos heterogêneos chegados de Anatólia (Ανατόλια) no curso de migrações sucessivas, e muitos sinalavam que um dos centros de procedência, entre 2800 e 2300 a. C., foi de Tróia (Τροία)Em qualquer caso parecia certo que, no momento de chegar as ilhas, aqueles grupos possuíam já uma civilização própria e definida, que depois evoluiu de maneira autônoma.

Era a única hipótese possível, dado que as demais careciam de base. Faltavam por completo as informações históricas, e as breves notícias de Tucídides (Θουκυδίδης), que é necessário repetir, viveu no século V a. C., fazia referência a uma época mais avançada, concretamente a expansão cretense pelo arquipélago. Segundo menciona o historiador, naquele tempo as ilhas eram habitadas pelos carios (Κάρες), cujas armas acharam os atenienses em mais da metade das tumbas que descobriram no curso da purificação da ilha de Delos (Δήλος).

Mas as escavações efetuadas nos anos
 60 forneceram novos elementos que lançaram por terra grande parte das precedentes hipóteses. Foi possível determinar que as Cícladas (Κυκλάδες) estavam já habitadas, pelo menos, nos últimos tempos do Neolítico Médio e no Neolítico Final; ou seja, desde 5000 a. C. Assim demonstravam os achados incorridos em Saliagos (Σάλιαγκος), uma ilhota entre as ilhas de Paros (Πάρος) e Antíparos (Αντίπαρος), entre 1964 e 1965, assim como as escavações que em 1963 levaram a cabo em Cefala (Κεφάλα), na ilha de Cea (Κέα).
Os descobrimentos de Saliagos (Σάλιαγκος) foram muito interessantes. Eram restos de habitações de planta retangular, sobre fundamentos de pedra, fechadas por um muro perimetral. Nelas apareceram cerâmicas de formas geométricas, cuja superfície escura estava decorada com motivos em branco opaco, retilíneos ou curvos. Estes elementos configuravam o que, a partir de então, se chamou cultura de Saliagos (Σάλιαγκος), que englobou outros achados das mesmas características em Vouni (Βουνί em Antíparos), Agrilia (Αγριλιά em Milo) e Mavrispilia (Μαύριπια em Miconos).


Os materiais foram submetidos a provas de datação mediante o carbono 14 (14C), em relação com as escavações de Empório X na ilha de Quíos (
Χίος), pôde determinar que esta cultura floresceu em torno de 4900 a. C. A ela se associaram também pontas de obsidiana e pequenas figuras tanto esquemáticas como naturalistas.

Pelas mesmas datas, o arqueólogo Caskey achou em Cefala (Κεφάλα) uma necrópole (νεκρόπολη) com tumbas redondas, ovaladas e retangulares. Em geral eram realizadas com pequenos muros de pedra inclinados até o centro, ainda que algumas haviam sido escavadas parcialmente na rocha; havia individuais e múltiplas.

Entre os escombros sairam à luz numerosas cerâmicas de cor escura, algumas avermelhadas e outras de cor vermelha brilhante. Havia jarras de pescoço longo e fino, taças, uma espécie de mergulhão de extravagante forma, uma estatueta obscena de terracota, etc. Dado que estes objetos, e especialmente a cerâmica escura, mostravam características afins a de outros achados produzidos na Ática (
Αττική) e nas Cícladas (Κυκλάδες) norocidentais, se asignó a esta cultura a denominação de Ática-Cefala (Αττική-Κεφαλά). Sabemos que se desenvolveu até 3500 a. C.

Todos estes descobrimentos foram importantíssimos, porque obrigaram a revisar as conclusões daqueles que atribuíam um origem exclusivamente anatólico a civilização cicládica. Um dos principais argumentos no qual se apoiavam era a presença de tumbas de cista, mas o fato de que este tipo de tumbas apareça já na necrópole (νεκρόπολη) de Cefala (Κεφαλά) sugere uma continuidade local.

Sem duvida há certas analogias entre a civilização cicládica e a anatólica, mas isso não demonstra que tenha sido Anatólia (
Ανατόλια) o lar originário daquela. Algumas de suas formas parecem de origem local; outras poderiam estar ligadas ao continente grego.

Em base aos conhecimentos que proporcionam as escavações, parece mais sensível pensar em uma evolução paralela de culturas análogas, sem que com isto pretenda-se rechaçar a existência de contatos mais ou menos ocasionais entre elas.
A CIDADE DOS VIVOS
Archivo:Cycladic three figurines group.jpg
Figura de família cíclade


As escavações que realizou Tsountas em Paros (Πάρος) em 1898, lançaram a luz casas de planta retangular, divididas em duas habitações comunicadas e a mais interior rematada em ábside. O detalhe do ábside parece sugerir uma recordação da cabana redonda que, no Neolítico, se difundiu por grande parte da área mediterrânea.

Com respeito a Filacope (Φυλακωπή) os dados oferecidos são singularmente generosos, também Santorini (Σαντορίνη) e Tirasia (Τύρης) proporcionaram dados úteis sobre as casas das Cícladas (Κυκλάδες). O geólogo Fouqué estudou as situadas sobre o paredão setentrional de Tirasia (Τύρης). São de planta retangular, com muros de pedra de lava, irregulares, unidas por argamassa.

Foram encontrados outros muros que seguramente foram feitos mediante uma armação de madeira. Sistema de construção que achamos freqüentemente em quase todas as populações do Egeu (Αιγαίου). Seus muros angulares se compõem de silhas perfeitamente talhadas e quase sempre de grandes dimensões, sobrepostos em cursos horizontais.
OS MUROS DEFENSIVOS

Há fortificações em Chalandrane (Χαλανδριανής em Siros), Panormos (Πάνορμος em Naxos ), Agios Andreas (Άγιος Ανδρέας em Sifnos) e Filacope (Φυλακωπή). São fortificações que se remontam ao momento da influência cretense e parecem confirmar o que escreveu Tucídides (Θουκυδίδης) acerca de sua construção depois de que a armada de Minos (Μίνωας) expulsara aos piratas carios (Κάρες).

Em Filacope (Φυλακωπή) II há uma dupla muralha. Os muros que a formam estão a uma distância de três metros um do outro. A parte baixa da muralha interior é uma massa de terra e pedras pequenas, sobre o qual se apóiam grandes blocos ciclópeos. O exterior, muito mais débil, é de terra, reforçada com algumas fileiras de pedra. A intervalos mais ou menos regulares, as duas muralhas se uniram mediante pequenos muros transversais, e os espaços vazios eram enchidos com cascalho. O conjunto tem uma espessura de aproximadamente seis metros.


O setor mais curioso da fortificação é aquela em que se praticou uma porta secreta, defendida por um muro. Desta forma os sitiadores tinha, que percorrer um longo trecho junto aos bastiões e, pelo mesmo, a por-se a tiro dos que defendiam a cidade.

Em Chalandrane (Χαλανδριανής) trata-se propriamente de uma acrópole (Ακρόπολη), três de cujos lados eram defendidos por um precipício. Bastou apenas fortificar o quarto lado mediante uma muralha dupla, semi-elíptica, de cerca de 60 m. Do muro externo, o mais débil, permanecem um par de fileiras de pedras. Em seu centro se abre uma porta disposta obliquamente com respeito ao muro. A muralha interior, de silhas pequenas, é reforçada por 5 torres. Os acessos eram dois, situados junto a segunda torre e entre a terceira e a quarta, e obrigavam também aos agressores a um longo caminho ao descoberto.

Agios Andrea (Άγιος Ανδρέας), en Sifnos (Σίφνος), apresenta assombrosas analogias com Chalandrane (Χαλανδριανής), com uma técnica de construção perfeccionista.
A CIDADE DOS MORTOS
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Tumba de cista cíclade

Com exceção da ilha de Siros (Σύρος), as tumbas cicládicas são do tipo de cista. Escavam-se a pouca profundidade nas pendências das colinas, às vezes até a margem do mar e tem forma trapezoidal, com os lados revestidos de pedras planas. A cobertura é também de pedras sem talhar, enquanto que o piso é de pedra, cascalhos ou simplesmente terra embalada. Suas dimensões são reduzidas. Não mais 1,20m de longitude. Outra característica é que abundam as tumbas múltiplas, provavelmente de membros de uma mesma família, nas quais se sobrepõem as sepulturas.

As tumbas de Siros (Σύρος) são muito diferentes. Trata-se de pequeñnas tumbas com câmara, com paredes de pedra em seco cujos cursos vão aproximando-se do interior até formar uma falsa abóbada, que em sua parte superior se cerra com uma grande pilastra cujo peso dá solidez ao conjunto. Como detalhe curioso deve-se observar que estas tumbas tem uma abertura que comunica com o exterior e cuja função apenas podemos imaginar. Suas dimensões não permitem a passagem de um corpo. Possivelmente se destinava a certos ritos funerários.

A propósito de tais ritos recordemos que nas tumbas de cista o corpo do defunto, ou os corpos quando eram vários, se dispunha recostado sobre o lado direito, os joelhos dobrados até o peito e o antebraço levado até a cabeça. Daí as reduzidas dimensões do soterramento.

PRÁTICAS RELIGIOSAS
A escassez de achados arqueológicos faz com que saibamos muito pouco das práticas religiosas dos povos cicládicos. Enquanto que em Creta (Κρήτη) foram encontrados numerosos lugares de culto, nas Cícladas (Κυκλάδες)  apenas conhecemos um. No porto de Minoa (Μινώα), na ilha de Amorgos (Αμοργός), sobre uma grande rocha, foram encontrado fragmentos de cerâmica e alguns vasos inteiros. Parece que em tempos remotos existiu ali uma gruta ou desfiladeiro.

Próxima, em outro desfiladeiro, foram encontrados também muitos restos cerâmicos. As escavações dirigidas por Tsountas nesta mesma zona revelaram a existência de fossas semelhantes repletas de pedaços. Em uma delas o próprio arqueólogo descobriu, além disso, certo número de vasos mais ou menos completos, alguma peça em forma de fuso e  pedaços de obsidiana. Muitos vasos continham fichas de osso, freqüentemente enegrecidas e calcinadas, dentes de ovelha, cabra o boi.

O descobrimento destos depósitos de vasos sob as rochas ou em circunvoluções do terreno, por um lado, e a completa ausência de necrópoles (νεκρόπολης) nos arredores, por outro, sugerem que nos achamos ante um lugar sagrado ao ar livre. Tal vez se trate de um daqueles lugares sagrados, nos quais durante as cerimônias de oferenda se acendiam grandes fogueiras. Após uma invocação mágica se lançavam nelas os animais imolados, talvez ainda vivos. E logo quando o fogo começava a definhar, se lançavanm objetos votivos. As cinzas, misturadas com os ossos e os votos, eram depositados finalmente no desfiladeiro de modo que permaneciam em estreito contato com a rocha, que por sua vez não era senão uma parte do corpo da Grande Deusa Mãe, a divindade mais importante dos povos cicládicos


Do fato de que a maior parte dos objetos provenham de um número reduzido de tumbas, que no entanto a maioria destas somente tenham aparecido um ou dois por termo médio, cabe deduzir que o povo cicládico havia passado já da sociedade diferenciada, no qual destacavam determinados grupos e pessoas. Havia "ricos" ou "notáveis" que  podiam permitir-se um enxoval funerário de acorde com seu cargo, no entanto os "pobres" deviam contentar-se com um ídolo, uma vasilha ou um simples adorno.


Esta hipótese vem colaborada por outro indício, como é o da aparição nas tumbas de objetos já usados: vasilhas com evidentes traços de composturas, píxides (πυξίδες) com tampas que não lhes correspondem, etc. Disso foi deduzido por alguns estudiosos que as famiíias pobres compravam para seus defuntos um enxoval literalmente de "segunda mão". Isto é, em suma, o que revelam as necessidades acerca da estrutura social daquela gente.

EXPERIENTES NAVEGANTES
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Peixe voador, figura de Filacope


Alguns outros achados se referem a vida econômica. É possível afirmar que se tratava de um povo de agricultores, pastores e artesãos, mas assim mesmo que tinham o olhar posto no mar: na pesca e na navegação. Que praticavam a primeira atividade pesqueira, provam tanto o descobrimento de alguns anzóis de bronze, como a decoração de certos vasos de terracota em que aparecem homens portando um peixe em cada mão.

E enquanto a navegação, basta citar outras decorações cerâmicas nas quais vemos representadas naves de altura, capazes de servir para as mais audazes explorações. De hecho, parece que os marinheiros das Cícladas (Κυκλάδες) não se limitaram a comercializar com a vizinha Creta (Κρήτη), o Peloponeso (Πελοπόννησος) e Anatólia (Ανατόλια), senão que chegaram até a costa Dálmata (Δαλματίας), Sardônia (Σαρδηνία) e pelo menos durante o Bronze Médio, a partir do 2000 a. C., até as Baleares (Βαλεαρίδες) e o sul da França, já que em todos estes lugares apareceram objetos de elaboração cicládica.

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