quarta-feira, 25 de maio de 2011

GUERRAS

Duas guerras de grande importância marcaram o mundo grego antigo: 

Guerras Médicas (Μηδικάς πολέμους);
 
Guerra do Peloponeso (Πελοποννησιακού Πολέμου);

As Guerras Médicas (500-448 a.C.) são contadas em Histórias de Heródoto (Ηρόδοτος). As cidades gregas jônias revoltaram-se contra o Império Persa (Περσία) e foram apoiadas por algumas cidades do continente, por fim sendo lideradas por Atenas (Αθήνας), as batalhas mais memoráveis dessa guerra incluem: 
  • a Batalha de Maratona (Μάχη του Μαραθώνα);
  • a Batalha de Termópilas (Μάχη των Θερμοπυλών);
  • a Batalha de Salamina (Μάχη της Σαλαμίνας);
  • a Batalha de Platéia (Μάχη των Πλαταιών);
Em função de levara a cabo a guerra e, subseqüentemente, de defender a Grécia de ataques posteriores por parte dos Persas (Πέρσης), Atenas (Αθήναςfundou a Liga, ou Confederação de Delos (Δήλος) em 477 a.C.. Inicialmente cada cidade da confederação contribuiria com soldados e navios a um exército grego comum, mas, com o passar do tempo, Atenas (Αθήνας) permitiu e, depois, obrigou cidades menores a contribuir com capital em vez de construir navios. Qualquer revolução com o intuito de deixar ou modificar a confederação seria punida. Após os conflitos com os persas, o tesouro terminou por ser transferido de Delos (Δήλος) para Atenas, o que resultou no fortalecimento dessa cidade sobre o controle da confederação. A Liga de Delos (Δήλος) terminou sendo referida pejorativamente como "o Império Ateniense".

Em 458 a.C., mesmo enquanto as Guerras Médicas  (Μηδικάς πολέμους) ainda tomavam lugar, irrompeu-se a guerra entre a Confederação de Delos (Δήλοςe a Confederação do Peloponeso (Πελοπόννησος), que compreendia Esparta (Σπάρτη) e seus aliados. Depois de batalhas inconclusivas, os dois lados assinaram um tratado de paz em 447 a.C..

Estipulara-se que o tratado deveria durar trinta anos, mas, em vez disso, sobreviveu apenas até 431 a.C., quando estourou a temível Guerra do Peloponeso (Πελοπόννησος), que mudaria para sempre o mundo grego. As fontes principais acerca do ocorrido nessa famosa guerra são a História da Guerra do Peloponeso de Tucídides (Θουκυδίδης) e aHelênica de Xenofonte (Ξενοφών).

Tucídides (Θουκυδίδηςrelata que uma das causas primeiras da guerra foi a disputa entre Córcira (Κέρκυραe Epidamno (Έπίδαμνο). Essa última era uma cidade de estatura menor, que o próprio Tucídides (Θουκυδίδηςconsidera necessário informar o leitor acerca de onde se localiza. Corinto (Κόρινθος), que também reclamava controle sobre a cidade de Epidamno (Έπίδαμνο), interveio na disputa, tomando o lado dos epidamnenses. Receosa de que Corinto (Κόρινθος) pudesse capturar a marinha corciréia, Córcira (Κέρκυραbuscou a ajuda de Atenas (Αθήνας), que terminou por intervir, impedindo Corinto (Κόρινθος) de desembarcar na Córcira (Κέρκυραdurante a Batalha de Sibota (Συβότων), sitiando Potidéia (Ποτίδαιαe proibindo todo e qualquer comércio de Corinto (Κόρινθοςcom Mégara (Μέγαρα), sua mais próxima aliada.

Houve desacordo entre os gregos quanto a que partido teria violado o tratado entre as confederações de Delos (Δήλοςe do Peloponeso (Πελοπόννησος), devido a fato de Atenas (Αθήνας) estar defendendo uma aliada. Os coríntios pediram ajuda a Esparta (Σπάρτη). Com receio do poder crescente de Atenas (Αθήνας), e observando como os atenienses estavam dispostos a usar-se desse poder para subjugar os megáricos, Esparta (Σπάρτη) finalmente declarara que o tratado de paz havia sido violado, dando início à Guerra do Peloponeso (Πελοπόννησος).

A primeira fase da guerra, conhecida como "Guerra dos Dez Anos" ou, menos frequentemente, como "Guerra de Arquidamo", devido ao rei espartano Arquidamo (Αρχίδαμος) II, estendeu-se até 421 a.C., quando tomou lugar o Tratado de paz de Nícias (Νικίας). O general e líder ateniense Péricles (Περικλής) afirmava que sua cidade lutava uma guerra defensiva, evitando a batalha contra as forças terrestres de força superior dos espartanos, importando todo o necessário através da poderosa marinha ateniense: o plano era simplesmente resistir por mais tempo do que Esparta (Σπάρτη) podia lutar - os espartanos temiam ausentar-se de sua cidade por muito tempo devido às revoltas suscitadas pelos Hilotas (Εἱλῶτες). Para que essa estratégia funcionasse, Atenas (Αθήνας) teve que aguentar sítios regulares, até que em 430 a.C. a cidade sofreu com o aparecimento duma praga terrível, que terminou por dizimar aproximadamente um quarto de sua população, incluindo o próprio Péricles (Περικλής).

Com a ausência de Péricles (Περικλήςno governo e na liderança militar, elementos menos conservadores ganharam poder e Atenas partiu para a ofensiva. A cidade capturou cerca de 300 a 400 Hoplitas (Οπλίτηςespartanos na Batalha de Pilos (Πύλος). Essa quantia representava uma fração significante da força ofensiva espartana, que terminou por decidir que não poderiam se dar ao luxo de perder. Enquanto isso, Atenas (Αθήναςhavia sofrido derrotas humilhantes em Decélia (Δεκέλειαe em Anfípolis (Αμφίπολη). O Tratado de Nícias (Νικίας) foi concluído com a recuperação espartana de seus reféns e a recuperação ateniense da cidade de Anfípolis (Αμφίπολη). Atenas (Αθήναςe Esparta (Σπάρτη) assinaram o Tratado de Nícias (Νικίας) em 421 a.C., prometendo mantê-lo por cinquenta anos.

A segunda fase da Guerra do Peloponeso (Πελοπόννησοςteve início em 415 a.C., quando Atenas embarcou na Expedição à Sicília (Σικελία), 415-413 a.C., para apoiar Segesta (Σεγέστας), cidade que pedira a ajuda ateniense ao ser atacada por Selinonte (Σελινοῦς), líder da cidade de Siracusa (Συρακούσες), que tentava obter a hegemonia sobre a Sicília (Σικελία). Inicialmente, Esparta (Σπάρτη) estava disposta a não ajudar sua aliada siracusana, da mesma forma que Nícias (Νικίαςpedira a Atenas (Αθήναςpara não se intrometer no assunto, uma vez que o tratado de paz ainda estava de pé. Porém, Alcibíades (Αλκιβιάδης), general ateniense de grande influência entre os jovens da época, terminou por convencer os atenienses a intervir no conflito, resultando na inflamação de Esparta (Σπάρτη), que o acusou de atos ímpios incrivelmente grosseiros e terminou por tomar parte, ela também, no conflito, uma vez que não poderia permitir que Atenas (Αθήναςsubjugasse Siracusa (Συρακούσες), isso acarretaria no domínio ateniense sobre o mercado ocidental de cereais, além de abrir caminho para a Etrúria (Ετρουρία). A campanha terminou sendo um completo desastre, e provavelmente a maior derrota sofrida pelos atenienses até então, com Nícias (Νικίας) morto e Alcibíades (Αλκιβιάδηςdesertando Atenas (Αθήνας) e juntando forças com Esparta (Σπάρτη).

Com o apoio do novo general espartano Alcibíades (Αλκιβιάδης), as possessões jônicas de Atenas (Αθήναςrebelam-se. Em 411 a.C., por meio duma revolução oligárquica em Atenas (Αθήνας), chegou a entrever-se paz, mas a marinha ateniense, que permanecia fiel ao sistema democrático de governo, recusou-se a aceitar a mudança e continuou lutando em nome de Atenas (Αθήνας). Alcibíades (Αλκιβιάδης), que desejava voltar a Atenas (Αθήνας), planejava aliar-se aos persas para derrotar os espartanos, mas, como não havia meios, e, mais tarde, devido à suposta tentativa de seduzir a mulher do rei Ágis (Άγης) II, rei espartano, terminou deixando Esparta (Σπάρτη), dirigindo-se às forças atenienses estacionadas em Samos (Σάμος), onde foi acolhido como general. A oligarquia em Atenas  (Αθήναςterminou por ruir e Alcibíades (Αλκιβιάδης) entrou em marcha para reconquistar o que havia sido perdido.

Em 407 a.C., contudo, Alcibíades (Αλκιβιάδης) seria substituído devido a uma derrota naval na Batalha de Nótio (Νοτίο). O general espartano Lisandro (Λισάντρο), fortalecendo o poder naval de sua cidade, conquistou vitória atrás de vitória. Depois da Batalha de Arginusa (Αργηνουσση), nas ilhas Arginusas (Αργηνουσσών), cuja vitória pertenceu aos atenienses, mas que, devido ao mau tempo, teve suas tropas navais impedidas de resgatar alguns de seus náufragos e feridos, Atenas (Αθήνας) cometeu o erro de executar e ostracizar oito de seus melhores comandantes. Lisandro (Λισάντρο) obteve uma vitória esmagadora na Batalha de Egos Potamós (Εγώ Ποταμός, "Rio das Cabras") em 405 a.C., que virtualmente destruiu a frota ateniense. Atenas (Αθήνας) terminou por render-se um ano depois, finalmente colocando um fim à Guerra do Peloponeso (Πελοπόννησος).

A guerra deixou um rastro de devastação. Descontentes com a hegemonia espartana que se seguiu, incluindo o fato de que Esparta havia cedido a Jônia (Ιωνία) e o Chipre (Κύπροςao Império Persa (Περσίαcom o fim da Guerra Corintiana, 395-387 a.C., Tebas (Θήβη) resolveu atacar. Seu general, Epaminondas (Επαμεινώνδας), esmagou Esparta (Σπάρτηna Batalha de Leuctra (Λεύκτρα) em 371 a.C., inaugurando o breve período do dominação tebana na Grécia. Em 346 a.C., incapaz de prevalecer em seu conflito com a Fócida (Φωκίδος), que já durava dez anos, Tebas (Θήβη) pediu auxílio a Filipe (Φίλιππος) II da Macedônia (Μακεδονία), o que resultou no rápido domínio macedônico sobre grande parte da Grécia, que estava enfraquecida depois de 27 anos de luta entre si. A unidade política básica daquele momento em diante foi o império, que terminou por dar início ao período helenístico grego.

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