quarta-feira, 25 de maio de 2011

GRÉCIA MODERNA

Os otomanos dominaram a Grécia até o início do século XIX. Em 1821 os gregos insurgiram-se, declarando sua independência na Guerra de Independência da Grécia, apesar de só conseguiram real emancipação em 1829. As elites das nações européias viram a guerra de independência grega, devidamente acompanhada dos exemplos de atrocidades cometidas pelos turcos, de modo romântico. Uma grande quantidade de voluntários não-gregos lutaram pela causa e, ainda assim, por vezes os otomanos encontravam-se a ponto de suprimir a revolução grega de maneira quase total, não fosse a intervenção da França, Inglaterra e Rússia. Ioánnis Kapodístrias, o ministro russo de relações exteriores, ele próprio um grego, retornou à pátria-mãe como presidente da nova república, após a oficialização da independência grega. A república desapareceu alguns anos depois, quando poderes ocidentais ajudaram a transformar a Grécia numa monarquia, cujo primeiro rei veio da Baviera, e o segundo, da Dinamarca. Durante o século XIX e o começo do XX, numa série de guerras contra os otomanos, a Grécia buscou estender suas fronteiras a fim de incluir a população étnica grega do Império Otomano, lentamente alargando seu território e população até alcançar sua configuração atual em 1947. Na Primeira Guerra Mundial a Grécia juntou-se aos poderes da Tríplice Entente para lutar contra o Império Otomano e a Tríplice Aliança. Depois da guerra foram concedidas a Grécia partes da Ásia (Ασία) Menor, incluindo a cidade de Esmirna (Σμύρνη), cuja população era, em grande parte, grega. Na época, porém, os nacionalistas turcos liderados por Mustafa Kemal Atatürk derrubaram o governo otomano, organizaram um ataque militar às tropas gregas e derrotaram-nas. Imediatamente, centenas de milhares de turcos vivendo no território da Grécia continental deslocaram-se, indo para a Turquia, numa troca de centenas de milhares de gregos vivendo na Turquia, que deveriam ser mandados à Grécia. 

Apesar das forças armadas do país serem numericamente pequenas e mal equipadas, a Grécia contribuiu de forma decisiva com os Aliados na Segunda Guerra Mundial. No início da guerra, a Grécia juntou-se aos Aliados e recusou-se a atender as exigências italianas. Em 28 de outubro de 1940, a Itália invadiu a Grécia, mas as tropas gregas expulsaram os invasores após sangrenta batalha, marcando a primeira vitória dos Aliados na guerra. Hitler envolveu-se relutantemente, com o objetivo principal de garantir o domínio sobre o seu flanco sul: tropas da Alemanha, Hungria, Bulgária e Itália invadiram a Grécia com sucesso, obtendo triunfo sobre as unidades gregas, britânicas, australianas e neo-zelandesas.

Contudo, quando os alemães tentaram tomar Creta (Κρήτη) num ataque maciço de paraquedistas - com o objetivo de reduzir a ameaça dum possível contra-ataque das forças aliadas no Egito (Αίγυπτος), os Aliados, bem como os cretenses, ofereceram feroz resistência. Apesar da resistência cretense terminar vindo por terra, a batalha retardou os planos alemães de maneira significativa, de modo que a invasão alemã direcionada à União Soviética teve seu início fatalmente próximo do inverno. Um viés alternativo recente acerca do acontecimento é que as tropas alemãs envolvidas na batalha de Creta (Κρήτη) não eram tão numerosas a ponto de trazerem impacto ao ataque de proporções muito maiores contra a União Soviética.

Durante muitos anos da ocupação nazista, milhares de gregos morreram em combate direto, em campos de concentração ou por pura inanição. Os ocupantes assassinaram grande parte da comunidade judáica apesar das tentativas da Igreja Ortodoxa Grega e de muitos gregos cristãos de proteger os judeus. A economia assumiu ares de landuidez. Após a libertação, a Grécia viveu uma guerra civil, entre comunistas e realistas (monarquistas), igualmente cruel, que durou três anos (1946-1949).

Durante as décadas de 1950 e 1960 a Grécia continuou em lenta evolução, primeiramente com o auxílio dos Estados Unidos, mediante doações e empréstimos do Plano Marshall, e, posteriormente, com o aumento do setor turístico. Em 1967, as forças armadas gregas tomaram o poder através dum golpe de estado, derrubando o governo de direita de Panayiotis Kanellopoulos e estabelecendo a junta militar grega de 1967-1974, que viria a se tornar um regime de coronelismo. Suspeito-se inclusive que a Agência Central de Inteligência (CIA) estaria envolvida no golpe, e o novo regime em Atenas (Αθήνας) foi apoiado pelos Estados Unidos. Em 1973, o regime aboliu a monarquia grega. Em 1974, o ditador Papadopoulos negou ajuda aos Estados Unidos, conjecturando-se que, como resultado, este país, através da cooperação de Henry Kissinger, teria organizado um segundo golpe de estado. O coronel Demétrios Ioannides foi apontado como novo chefe de estado.

Muitos consideram Ioannides responsável pelo golpe contra o presidente Makarios III do Chipre (Κύπρος), o golpe seria um pretexto para a primeira onda de invasões turcas ao Chipre em 1974 (cf. a crise de 1974 entre Grécia e Turquia). Os acontecimentos no Chipre e as manifestações que se seguiram à violenta repressão da insurreição da Politécnica (Η Εξέγερση του Πολυτεχνείου) de Atenas (Αθήνας) levaram à eclosão dum regime militar. Um carismático político exilado, Konstantínos G. Karamanlís, retornou de Paris como primeiro-ministro interino e depois ganhou nas re-eleições para dois mandatos como líder do partido conservador Nova Democracia (Νέα Δημοκρατία). Em 1975, após o plebiscito que confirmou a deposição do rei Constantino II, uma constituição republicana democrática foi estabelecida. Outro político previamente exilado, Andreas Papandreou, também retornou à Grécia e fundou o partido socialista PASOK, que ganhou as eleições em 1981, dominando o curso político do país por quase duas décadas.

Desde a restauração da democracia a estabilidade e a prosperidade econômida da Grécia tem crescido. O país tornou-se parte da União Européia em 1981 e adotou o Euro como moeda em 2001. Novas infraestruturas, fundos da UE e rendimentos turísticos em ascensão, sua marinha mercante, seus serviços, suas indústrias elétrica e de telecomunicações trouxeram aos gregos um padrão de vida sem precedente. Tensões continuam a existir entre a Grécia e a Turquia acerca do Chipre (Κύπρος) e da delimitação de fronteiras no mar Egeu (Αιγαιου), mas as relações entre esses dois países degelaram consideravelmente depois de uma série de terremotos - primeiro na Turquia e depois na Grécia - e de freqüentes amostras de simpatia e generosa assistência pela parte de ambos os lados.

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